
Enquanto o ano lectivo começa, vamos-nos confrontando com o facto de que os pais continuam , cada vez mais a fazer sacrifícios para que os filhos não sintam a crise.
Tentam que não lhes falte nada e que mantenha o mesmo nível de vida, conseguindo inscrevê-los e mantê-los nas mesmas actividades que tinham no ano anterior.
Muitos pais, a muito custo e com muitos sacrifícios, conseguem, outros rendem-se ao facto de não conseguirem e eliminam a actividade mais dispendiosa, ou a que consideram menos relevante.
Muitos pais tentam que os filhos poupar os filhos ao drama que eles têm que enfrentar para lhes dar tudo isso. São crianças e jovens com que me cruzo todos os dias que não têm a mínima consciência deste drama.
Terão que ser poupados à realidade?
Não deverão conhecer essa realidade?
Será certo deixá-los viver nessa ilusão?
O conhecimento da realidade não seria facilitador da comunicação familiar e, assim, evitar-se tantos desentendimentos?
Ao dizer-se: "Olha, filha, esse jogo custa tanto como um par de ténis!", ou, " Esse dinheiro dá para almoçares durante um mês na cantina", é provável que entendam que há coisas que podemos passar bem sem elas, mas que há outras que são imprescindiveis.
Não acho certo esconder as dificuldades aos filhos.
Criar-lhes níveis de vida superiores aos que na realidade podem ter é criar-lhes prespectivas de vida irreal.