domingo, 8 de agosto de 2010

Entre a terra e o mar, sou gaivota!


Aqui me encontro, entre a terra e o mar.

Mais perto do mar, muito mais longe do mundano e mesmo no centro vital do frenesim de verão.

Estou e não estou...

O levante vareu a praia.

A água está calda, deslizante em ondas largas.

Hoje temos sardinhada!

Aquele peixinho delicioso de que sentimos saudades o Inverno inteiro...agora é só tirar a barriga de mísérias e comê-lo bem fresquinho, ainda de cauda arrebitada e contorcida, de há pouco ter saído da traineira.

Mas, cada ano que passa perco-me pela saudade do que aqui existia e que desaparece a olhos vistos.

Avenida dos Descobrimentos!

Onde está a imponente entrada nesta cidade?

Avenida, hoje, reduzida a um "calçadão" à beira rio e a um deserto de cimento, com ar de que as obras nunca acabarão?

Praça do Infante!

Infante?! Aonde? Ah! Ali ao canto...

Verde?! Vegetação?!

Deserto, sim, deserto.

Ali onde, na minha infância, corri, saltei, caí... Onde rodava na minha biciclete, anos e anos... Onde, depois da missa de domingo nos sentavamos a tomar um cafezinho e nas noites quentes, da minha juventude, nos juntavamos em grandes "bandos", entre risos, histórias e estórias...

"-Já foste ao Porto de Mós?" - perguntaram-me ontem. Não, não quero ir! Deixem-me ficar com reservas de imagens que não quero alterar. Não, não quero ir!

Péssimista? Baixo astral? Talvez... talvez seja só hoje... talvez aamanhã já veja de outra maneira, quiçá...

Sou gaivota, como as outras a quem revolveram e alteraram o habitat e hoje povoam a cidade.

Mas, não há céu desta cor em lugar nenhum do mundo e não há mar como o da Meia Praia!

Grandes banhos!!!